segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Paulo e os Judaizantes



PAULO E OS GÁLATAS


A carta aos Gálatas pode assim ser considerada como uma carta apologética, que faz variações sobre as estruturas básicas do discurso judiciário. Esta compreensão do texto escriturístico, naturalmente acarreta conseqüências para a sua interpretação.

O período que Paulo esteve em Éfeso e a subseqüente viagem através da Macedônia até Corinto são marcados, entre outras coisas, pela “preocupação… por todas as igrejas” (2ª Co 11.28). Essas palavras não expressam, simplesmente, a constante preocupação do apóstolo pelas igrejas cristãs, mas também fazem referência aos grandes problemas que surgiram nas comunidades, como provam Gálatas, Colossenses, Filemon. Os escritos paulinos nos deixam bem claro, acerca de posições polêmicas no campo missionário. A controvérsia a respeito da lei e de sua validade trouxe um transtorno para Paulo.

A frente judaizante, que pode ser identificada na exigência da circuncisão para os gentio-cristãos, com a conseqüência de um novo legalismo, atentava contra o acordo que fora feito pelo Concílio Apostólico. Paulo podia argumentar, com todo o direito, a partir de uma posição privilegiada, que se baseia nesse consenso geral de toda a Igreja, tentando preservar as comunidades de fundação gentio-cristã do anacronismo de recair no modo de vida de um grupo especial dentro do judaísmo.

Paulo teve que se defender sozinho contra estes adversários. Essa ameaça judaizante não surgiu propriamente no campo missionário Paulino. Foi aí um “produto” importado dos “ministros” judaizantes que vieram de fora dos campos da atividade paulina.

Os Judaizantes foram os principais perseguidores do apóstolo Paulo; acusavam no pregar contra a lei (At 21.28; Gl 2.4-5). Eles perturbavam as igrejas em Antioquia da Síria e na Galáxia, ensinando que os novos convertidos deviam viver como judeus para serem salvos (At 15.5). Parece que os tais apresentavam-se como enviados de Tiago (Gl 2.12). No entanto, apesar de haverem saído de Jerusalém, não se achavam autorizados a falar em nome de Tiago (At 15.24).

A carta aos Gálatas, como único escrito circular de Paulo, foi destinada a diversas comunidades e devia ser objeto de leitura nas celebrações litúrgicas (1ª Ts 5.27; Cl 1.4.16). A carta como costume da época - devia substituir a presença e a pregação do apóstolo. Com isso ele deseja agir de modo direto e estabelecer a unidade cristã.

Na carta aos gálatas, é um caso único que Paulo introduz a polêmica na abertura:

“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos” (Gl 1.1).

Com isso, ele se defende de uma acusação (1.10). É necessário que Paulo utilize da autoridade do nome de Cristo e de Deus Pai, que são formulações de fé, para combater seus os inimigos do evangelho.

Deus “chamou” os gálatas, por meio do Evangelho de Cristo para o novo estado salvício (1.6s; 5.8), para o estado da “graça de Cristo” ou de “Deus” (1.6; 2.21; 5.4). Este estado fundamenta-se unicamente na “cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (6.14). Agora, contudo, existe o perigo de que os gálatas já tivessem caído dessa graça (1.6; 5.4), pelo fato de serem seduzidos pelos judaizantes (1.7; 3.1; 5.10), terem eliminado o escândalo da cruz (5.11), crendo que o evangelho ensinado por Paulo, precisasse de um complemento (5.3; 6.12).

O Evangelho que Paulo apresenta aos Gálatas (1.9), é o tema central apresentado na forma concreta do evangelho ensinado por Cristo Jesus.

“Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.11-12).


Paulo estava decepcionado com o fato de muitos recém convertidos estarem seguindo falsos mestres que ensinavam um “outro” evangelho (gr. heteros), isto é, “outro de um tipo diferente”.

“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho” (Gl 1.6).

Falsos mestres foram aos gálatas, procurando persuadi-los a rejeitar os ensinos de Paulo e aceitar “outro evangelho”. Os judaizantes, um grupo de judeu legalista da Igreja Primitiva, tentavam casar a mensagem da salvação em Cristo com o contexto da lei mosaica (Dt 4.2). Cristãos imaturos criam nos ensinos distorcidos dos judaizantes. Esses ensinos envolviam outros ensinos além da justificação pela fé. Falsos ensinos continuam sendo muito persuasivos. Paulo advertiu os gálatas que o evangelho que os pregadores estavam ensinando era “outro” (gr. allos) “um outro do mesmo tipo”, o verdadeiro evangelho, que vem de Deus, segundo Cristo, e não casado com a lei.

Este evangelho diferente consistia não somente em crer em Cristo, mas também ligar-se à fé judaica mediante a circuncisão (5.2), as obras da lei (3.5) e a guarda dos dias judaicos (4.10).

“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1.8).


A palavra “anátema” (gr. anathema) significa alguém que está sob maldição divina, condenado à destruição e que será alvo da ira divina e da condenação eterna. Aqueles que corrompem o evangelho, Paulo chama-os de “Anátema”, ou “maldito”. O fato de o apóstolo amaldiçoar duas vezes esses hereges mostra a seriedade do assunto. Estavam propagando outro evangelho, privando os cristãos da liberdade com que Jesus nos libertou, transferindo para o homem a honra e a glória que pertence exclusivamente a Deus, oferecendo a salvação por meio de recursos humanos. Eis porque Paulo foi tão contundente com esses hereges.

O apóstolo Paulo, inspirada pelo Espírito Santo, revela a atitude, de julgamento e indignação para com aqueles que procuram perverter o evangelho original de Cristo (v. 7) e mudar a verdade do testemunho apostólico. Igual atitude evidenciava-se Jesus Cristo contra os falsos líderes religiosos que rejeitavam em parte a Palavra de Deus, substituindo a revelação divina por suas próprias idéias e interpretações (Mt 23; Mc 7.6-9).

Malditos (“anátema”) são todos que pregam um evangelho contrário à mensagem que Paulo pregava de acordo com a revelação que Cristo lhe dera (vv. 11-12). Quem acrescenta ou tira algo do evangelho original e fundamental de Cristo e dos apóstolos, ficam sujeitos à maldição divina: “Deus tirará a sua parte do livro da vida” (Ap 22.18-19).

Deus ordena os crentes a defender a fé (Jd 3), a corrigir os errados com amor (2ª Tm 2.25-26) e a se separarem dos falsos mestres, pastores e outros que na igreja negam as verdades bíblicas fundamentais ensinadas por Jesus e os apóstolos ( Rm 16.17-18); 2ª Co 6.17). Essas verdades incluem: a salvação pela graça mediante a fé em Cristo como Senhor e Salvador efetuada pela expiação através de sua morte e do Seu sangue (Rm 3.24-25; 5.10).

1.      Paulo na defesa do Evangelho.
“Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também a Tito. Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o Evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou de ter corrido em vão. Contudo, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se. E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão. Aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do Evangelho permanecesse em vós. (Gl 2.1-5).

Conheço poucas passagens que exponham mais ousadamente a influência prejudicial do farisaísmo. Segundo os ensinos de Paulo, os judaizantes não só perturbava o ensino genuíno do evangelho, mas também distorciam as verdades segundo o Novo Testamento. Estamos agora considerando aqueles que espreitam e escravizam os indivíduos que querem ser livres por Cristo.

Quatorze anos antes, o apóstolo Paulo recebera uma revelação direta de Deus, no sentido de que fora chamado para ministrar especialmente aos gentios. Pedro fora chamado para evangelizar especialmente os judeus. Uma grande dúvida surgiu do contado de Paulo com os gentios: O gentio deveria ser circuncidado para tornar-se cristão? Havia umas questões relacionadas com esse fato. Deveria ele manter certo tipo de alimentação? Deveria cumprir as tradições dos judaizantes? Deveria cumprir os preceitos da lei de Moisés? Deveria-se semelhante aos judeus? Em outras palavras, era necessário que Moisés completasse o que Cristo havia iniciado? Paulo nega isso enfaticamente. Assim sendo, ele apresentou o Evangelho de Cristo baseado na mensagem da graça. Não é de admirar que os gentios respondessem aos milhares. Isso levou os crentes judeus a ficarem um tanto nervosos, especialmente os que mantinham uma posição mais legalista quanto à salvação. O fluxo de tantos judeus convertidos perturbou-se bastante.

E lá se foram, então, para Jerusalém onde daria a reunião, levando em sua companhia Barnabé (um judeu circuncidado) e Tito (um gentio incircunciso), sendo ambos crentes no Senhor Jesus Cristo como Salvador. Paulo nos conta o que fez ao chegar:

“...lhes expus o evangelho que prego entre os gentios e particularmente aos que estavam em estima, para que de maneira alguma não corressem ou não tivessem corrido em vão” (Gl 2.2).

Isto nos assegura que ele chegou com uma atitude aberta, dizendo, com efeito: “Homens, quero que saibam que tenho ensinado as boas novas de Cristo segundo a graça. Estou certo ou preciso ser corrigido? A resposta deles foi, em suma: “Você está certo. Aprovamos essa mensagem”. Mas no terceiro versículo ele diz: “Mas nem Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se”.


Você acha que os judeus aceitaram isso calmamente? De forma alguma. Nem os judeus da era paulina e tampouco os da atualidade são receptivos ao Evangelho da graça.

“E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham, intrometido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que
Graça
1. A lei apenas condena o transgressor.
1. A graça redime.
2. A lei define o pecado.
2. A graça nos concede o temor (sem medo para abandoná-lo).
3. A lei é intransigente punitiva
3. A graça é libertadora.
4. A lei condena.
4. A graça soluciona.
5. A lei não perdoa.
5. A graça não só perdoa como elimina a culpa e ameniza a culpa do pecado.
6. A lei aprisiona.
6. A graça regenera.
7. A lei mata.
7. A graça renova a vida e a esperança.                              
8. A lei não pode transformar o pecador.
8. A graça santifica libertando o homem do poder do pecado.
9. A serve para que evitemos o pecado.
9. A graça serve para que vençamos o pecado.
10. A lei enfatiza o castigo.
10. A graça enfatiza o relacionamento com o Pai.
11. A lei veio por um homem, Moisés.
11. A graça veio pelo Redentor, Jesus Cristo.